sábado, 14 de agosto de 2010

Galeria de arte 5


UM HOMEM NU
É UMA PAISAGEM BEM-VINDA

Os homens nus são criatura de chama,
ouriços que ao girar súbito prendem o ar
com vozes de sua luz cutânea e ágil.
São hologramas de sonho,
generosos bebedouros,
escarchas que permanecem nas mãos.
 

Os homens nus são medicinais,
antidepressivos, analgésicos;
e bons argumentos contra o suicídio
ou para questionar a Lei da gravidade.
Por suas virtudes ígneas
imprimem nos lençóis a assinatura corporal
(como em Turim, perguntem a Magdala).
São doces e angulosos, são arquivos históricos,
alfabetos em célula, cisnes de pescoço impune,
casas onde viver;
criminosos absolvidos.
 

Da transparência de seu almíscar
poderia viver,
e do sangue claro de seus verbos.
Que ninguém se ofenda se digo que são bons de cama,
que não há almofadas sem seu ventre,
que sou toda uma vítima do veludo,
porque um home nu é como um livro.
Adoro apalpar sua espalda,
examinar ao azar sua pele de página
letra por beijo, abraço por palavra,
e respirá-lo como se fosse feito de oxigênio.
É uma dádiva estética
uma inevitável filmagem de pupila,
também um vaso de saudades antecipadas.
E seus dedos, seus dedos,
um incenso que nunca termina.
 

Belos são os homens se despidos,
se visíveis, quando na escuridão.
Por seus lunares nascem novas mitologias,
e eles dão nome às estrelas.
Belos se caminham, se estão quietos,
ainda mais se dormidos;
para ver-te melhor
querido lenço.
 

♠♠♠♠

O Fotógrafo
 

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